Opinião

As Hidrovias do passado são as soluções para o presente / por Suelme Fernandes

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As hidrovias foram no passado as artérias vitais do Brasil.

No século XVIII, já existia pelo menos três caminhos de acesso fluvial à Mato Grosso: a rota monçoeira Sul do rio Tietê ao Paraguai -Cuiabá; A norte de Vila Bela, rio Guaporé-Madeira – Belém e o sistema Arinos-Tapajós de Diamantino a Belém.

No entanto, hoje, essas rotas estão abandonadas,

O país investe em modelos logísticos caros e ineficientes.

Por que o Brasil deixou de lado uma solução que já foi tão estratégica no passado?

O livro “As Águas como Caminho – Mato Grosso como destino” de Gilberto Luiz Alves, lançado essa semana em Cuiabá, resgata parte dessa história gloriosa e mostra como as hidrovias e os navios à vapor moldaram o desenvolvimento de Mato Grosso nos séculos XIX.

As hidrovias foram decisivas para o desbravamento desses “sertões” do interior da América do Sul, tornando-se a principal via de acesso e abastecimento de Cuiabá desde sua fundação em 1719 até os anos 1940, quando começaram a aterrissar os primeiros aviões comerciais.

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Segundo o autor, Gilberto luiz Alves, o trajeto fluvial para capital da pelo rio Paraguai iniciado em 1857, ficou inviabilizado com a implantação da Ferrovia Noroeste do Brasil, em 1918, que ligava Bauru, em São Paulo a Corumbá-MT.

Nessa mesma época tratada pelo livro, no Séc. XIX, Couto Magalhães, presidente da província de Mato Grosso, em 1815, explorou por 40 dias num navio á vapor chamado Anhambaí o sistema fluvial Araguaia-Tocantins, comprovando sua viabilidade técnica.

O estranho é saber que passados mais de 300 anos, hoje em dia inexiste navegação comercial nesses rios: Paraguai-Paraná, Araguaia- Tocantins e Juruena-Tapajós.

Com a Proclamação da República em 1889, os militares do Exército optaram por outros modais ferrovias e rodovias, e as hidrovias foram esquecidas nas gavetas da Marinha.

Talvez seja uma retaliação porque a Marinha se opôs ao golpe militar de Mal. Deodoro, tendo ficado do lado da Monarquia.

Atualmente países como os EUA e a China investem pesado nesses modais de alto custo e o Brasil parece caminhar na direção oposta.

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O lobby comercial dos portos como o de Santos-SP e de ferrovias como a Norte Sul e a falta de políticas públicas federais para revitalizar as hidrovias contribuem para esse cenário.

Enquanto isso, o custo ambiental pela emissão de poluentes dos combustiveis fósseis dos caminhões e os acidentes só aumentam.

E os custos financeiros do transporte rodoviário também, encarecendo a logística e o preço final dos produtos.

É hora de olhar para o passado a partir da provocação desse livro lançado e aprender com ele.
As hidrovias não são apenas relíquias históricas, mas soluções viáveis para os desafios logísticos e ambientais do presente.

Como disse Fernando Pessoa, “Navegar é preciso”.

Tenho esperança de que o Brasil e Mato Grosso voltem a discutir esse tema e naveguem em direção a um futuro mais sustentável.

Suelme Fernandes é mestre em História e membro do IHGMT.

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Opinião

Virginia Mendes e o Direito de Voz / por: Marimax Comazze

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A cena durou segundos, na estreia do ‘Auto Paixão de Cristo 2025’, mas repercutiu por muitas horas. Na coletiva na Arena Pantanal, Virginia Mendes fez mais do que responder sobre a gestão do Hospital Central de Cuiabá, reivindicou com naturalidade um espaço que sempre foi seu ao lado de seu marido, o governador Mauro Mendes.

Seu “Deixa eu falar”, ecoa como manifesto silencioso das mulheres na política. Incomodou!

Ao falar sobre as críticas sobre a gestão do novo hospital central que estará sob o comando do Hospital Albert Einstein não aguentou.

“Só respondendo ao deputado Lúdio. Quando eu estive doente na Prefeitura, estava perdendo o meu rim. Fui para o Albert Einstein porque meu plano de saúde atende lá. Aqui não havia transplante. Fui tratada lá [no Einstein], e ele [deputado Lúdio Cabral] criticou porque eu estava sendo tratada lá. Estamos trazendo o melhor hospital do Brasil para atender à população aqui. É contra? Quem é contra?”

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O episódio revela nosso desconforto crônico com mulheres que ocupam microfones sem pedir permissão.

Se um homem interrompesse para dar uma resposta técnica, sequer notaríamos. Mas quando uma mulher faz o mesmo, o ato vira debate. A diferença de tratamento escancara o machismo residual disfarçado de protocolo que perpetua na sociedade.

Virginia Mendes, porém, não se limitou ao gesto simbólico. Trouxe substância: defendeu a vinda do Einstein com a autoridade de quem conhece a saúde pública não por relatórios, mas por experiência pessoal. Seu “Quem é contra?” foi tão certeiro quanto desconcertante – como questionar a excelência sem parecer defensor da mediocridade?

Longe de ser um caso isolado, o momento consolida sua transição de primeira-dama do Estado para liderança política autônoma. Seus projetos sociais e agora esta intervenção técnica mostram que Virgínia entendeu: lugar de mulher na política é onde ela decide estar.

O verdadeiro teste não será sua capacidade de falar, mas nossa disposição em ouvir sem estranhamento. Enquanto alguns ainda se incomodam com mulheres que tomam a palavra, Virginia segue escrevendo um manual novo – onde o direito de opinar não se pede, se exerce.

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Na política, talvez esteja nascendo uma peça que muitos não sabiam como mover. Mas ela já decidiu: não será limitada. Quer ser reconhecida por sua opinião- e pelo visto, já começou a jogar.

Marimax Comazze é administradora, suplente de vereadora, dirigente partidária e articulista.

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